quinta-feira, fevereiro 23, 2006

O meu abrigo…

Sento-me em frente ao papel
de uma alvura narcótica e mágica de mandrágoras
e inspirando odores de ambrósia e néctares de mel
encerro os olhos numa vertigem de palavras.

Despojo-me de tudo o que é meu, do passado e do devir
para alcançar a liberdade na bruma do sentir.
E ao som de valsas nobres de contemplativos compassos
abraço as emoções, numa dança de espontâneos passos.

Então, encho a boca de palavras numa plena degustação
(palavras doces, acres, amargas e salgadas).
Essências que me flúem do coração...

E com delicadeza as vou pintando
com cores de turquesa e de índigo,
pedaços de sonhos que viajam sempre comigo.

Nesta candura de papel encontro sempre um amigo
que me aquieta a alma com doce simplicidade.
Reencontro hoje este meu porto de abrigo
para acenar mais pedaços de mim e de verdade!

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Vida ancorada

Carrego mil trapos de pranto,
janelas tristes…que perdem encanto
ocultando as mágoas lancinantes
numa melodia de gritos sufocantes.

Como Atlas, condenada para a imortalidade
a suportar uma hecatombe pungente,
perder quimeras…a ser apenas resistente
a um lirismo apartado com mediocridade.

Quero…
Rasgar os trapos!
Extravasar as janelas!
(Tentativa frustrada
de purgar a dor,
e reaver quimeras.)

Quero…
Admirar a vespertina luz,
que já não me seduz.
(Hiato de esperança,
que traz abismo na lembrança.
Resquícios de abandonos de infância.)

Lamento assim o pertinaz sentido
de um sonho despedido.
Desta indigência arrastada
jaz agora apenas…Vida ancorada.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Menino com sorriso de ouro,
coração que oferece o tesouro,
dono de uma vontade de marfim.

É bravo herói sem medo!
Rejeitado o destino…escreve o enredo
de uma vida nutrida a cada passo.

Espinhos antigos permanecem cravados,
os laços desfeitos e abandonados
abalaram-lhe a confiança no mundo…

Mas, despreocupado, vai deixando marca
em todos os lugares por onde passa.
E os amigos leais acenam-lhe cá e lá.

Vitória tem o nome e a vida
meu amigo de sal e melodia.
Espírito livre…podes ser quem tu és.
Spritu di morabeza…podes ser quem tu és.
Podes sempre ser quem tu és!
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