segunda-feira, agosto 28, 2006

Afogamento de mágoas

Avisto a margem que não está longe
mas a maré é tão forte que me impede de alcançá-la.
Um esforço… só mais uma tentativa…
(obstinação da Esperança - admirável tendência espiritual!)
Numa verdadeira luta pela sobrevivência,
procuro rasgar as ondas.
É inútil! A energia esvai-se aos poucos,
como grãos de areia por entre os poros.
Trata-se de um combate desigual.

Não creio no vaticínio, esse fado providencial
capaz de imortalizar heróis, e da desdita de mortais.
Mas se já nem uma simples linha consigo traçar…
Não consigo respirar!
E nesta angústia dou por mim imprevisivelmente
a almejar o infinito, horizonte longínquo.
Serenidade do ventre materno – a origem.
Água, vento, terra e fogo!
Quase que adivinho as cores do universo.

Esta apneia que me ludibria a consciência,
a fascinação que turva o pensamento.
Um último fôlego e a dádiva…
expiar passados, libertar memórias
de sofrimentos isolados a enredar o presente.
Mergulho mais fundo, a compressão esmaga-me.
Esperanço um caminho sem retorno!
Remissão de pena…
Emerjo e finalmente…respiro!

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