Coisa nenhuma.
Achas que de ti sinto pesar?
Nos meus olhos é isso que vês?
Podes invariavelmente identificá-lo
mas o pesar não é teu.
É que te invejo…
na aptidão, de ser e de sentir
que nunca poderei decalcar.
Invejo-te sobretudo na dor,
que antediz o nada.
O mais estranho é que,
é na nossa plena entrega
que é maior a plenitude.
Como é que nunca é o nada que resta?
É fácil não ter nada.
É difícil ter tudo.
Nada fácil é ser tudo,
mas o mais difícil de tudo
é ser nada.
Ausência de ego,
hercúleo projecto!
Perfeição apática do nirvana.
Antípoda do abismo vertiginoso
de quem tenta ser quem não é.
Mais que invisível,
ser indetectável.
Nada pensar.
Nada sonhar.
Para almejar o nada.
(Sem bactérias, moléculas,
sem espírito ou matéria.
Sem tempo ou espaço.
Sem degradação ou criação.
Sem energia, sem dimensão).
Perder-se da alma.
Mais que vazio,
buraco negro.
Reter da luz, a sombra,
por trilhos em constante variação
que convergem num beco sem retorno.
Ser coisa nenhuma.
sábado, novembro 05, 2011
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