A Canção
Ao percorrer a marinha tela celeste
cruzo o olhar com uma certa estrela,
a mesma que há milhares de anos
um meu ancestral focou.
E com um sussurro esfíngico a inquiro
sobre os segredos da humanidade.
Leva-me a percorrer à velocidade da tua luz
a História que apática presenciaste.
Mas quero observar tudo sem filtros …
o trágico e o cruel… o alegre e o compassivo.
Pela viagem implacavelmente franca
saberei assim mais do que sou!
A estrela troça desta minha ingenuidade:
- Milenares memórias eivadas turvam o espírito
numa ilusória supra-consciência de ignorante soberba!
Mas estrela, eu consigo voltar a nascer da tua luz!
Não é a imutável e perene verdade que se altera
é sim, de medos e ódios que uma alma se prende.
Com relutância me apresenta o “circo de vaidades”,
Reino de um só rei pelas sucessivas iras deposto.
Mas no mesmo mofento palco de sangue e caveiras cravado
admiro agora a mais honesta e notável Canção!
O prodigioso desconhecido que estende a mão
oferecendo moribundo pedaços de compaixão…
A Natureza Humana aos opostos se estende,
do acto mais vil ao gesto mais comovente.
Assim pairamos assustados calando a voz interior
na tentativa frustrada de apagar a dor.
É o abraço de esperança que nos leva sempre a lutar
mas é a nossa voz de criança que nos indica o sonhar.
Atento assim nas imagens agudas
e da estrela me despeço com gratidão.
Agora na construção do presente
opto por ouvir sempre a mesma Canção.
sábado, outubro 21, 2006
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2 comentários:
Não se percebe nada do que tu dizes...logo, devem ser cultas e dotadas essas cenas que escreves!
…A nossa voz de criança é que nos indica o sonhar…
Não a desilusão do viver!
Assim desta forma, aprendemos sempre o como é AMAR,
Bem como o simples gesto de ser amada.
Eu de bom agrado de digo,
Li este teu poema com muita emoção.
A meditar me deixou, com uma certeza que irei, também, optar por ouvir a mesma canção.
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